Os Defensores – Heróis ao vivo e em cores!
Os Defensores – Heróis ao vivo e em cores!
Após anos de espera, o encontro entre os super-heróis da Marvel na Netflix finalmente se tornou realidade!
Com lançamento previsto para 18 de agosto, Os Defensores é a série que vai reunir os quatro maiores heróis da Marvel na Netflix em sua própria equipe. Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro e Demolidor retornam para enfrentar o Tentáculo e a misteriosa Alexandra. A Netflix nos ofereceu os quatro primeiros episódios da minissérie, e estou aqui para falar exclusivamente um pouco sobre ela.
Antes de mais nada, já avisamos: pode ler tranquilo. Essa review não tem spoilers!
Após as elogiadas temporadas de Demolidor e Jessica Jones, e de algumas decepções no caminho (como Punho de Ferro), a primeira temporada de Os Defensores surge como uma culminação do “núcleo Netflix” do Universo Cinematográfico da Marvel. Cada série veio para compor um pedaço dessa nova franquia, de modo que ela não apenas aproveita o melhor de cada personagem individualmente, mas também seus coadjuvantes e subtramas.
Por conta disso, não é de se espantar que, ao menos nos primeiros episódios, a série busca continuar as tramas de cada um dos heróis separadamente, antes de uni-los. A ideia aqui – e que diferencia a série de um filme como Os Vingadores, por exemplo – é, ao mesmo tempo, conceber uma nova equipe jamais vista e dar continuidade às histórias já narradas. Não é à toa que a sensação que temos é de que Os Defensores é também a terceira temporada de Demolidor e a segunda temporada de Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro.
Em poucos minutos no início da temporada, nos encontramos com Punho de Ferro, poucos – meses, semanas, dias? (É difícil definir) – após o confronto com Harold Meachum. Após descobrir sobre o misterioso desaparecimento de K’un-Lun, ele está fazendo de tudo para encontrar a cidade mística e enfrentar o Tentáculo, tendo a virtuosa Colleen Wing ao seu lado.
E é basicamente isso que definirá todo o caminho da série. A eterna rivalidade entre K’un-Lun e o Tentáculo, e a crescente ascensão da organização composta por ninjas e infiltrados nas mais diversas camadas de Nova York. Logo depois, nos encontramos com Jessica Jones, lidando com sua recém-adquirida fama; Luke Cage, se tornando um verdadeiro herói para o Harlem; e Matt Murdock, que parece ter dado uma pausa na carreira do Demolidor.
Cada um dos quatro passa a investigar casos particulares que parecem ligados a uma única fonte. E aqui temos outro grande acerto da série: todos os heróis possuem uma motivação clara e muito pessoal. Eles não se juntam por um “objetivo em comum”. A única coisa que eles tem em comum é o inimigo.
Inimigo aliás que está sendo grandiosamente interpretado por Sigourney Weaver. A atriz confere uma presença ameaçadora à sua personagem, que é ainda mais misteriosa do que nos foi levado a crer graças aos trailers e materiais de divulgação. Toda a história de Alexandra e seu envolvimento com o Tentáculo é algo que está sendo descascado aos poucos, sem pressa para apresentar de vez suas motivações e planos.
E por falar em elenco, temos aqui o auge da Marvel/Netflix. Enquanto Charlie Cox continua fazendo um ótimo trabalho no papel do Diabo de Hell’s Kitchen – aliás, seu personagem é o mais bem desenvolvido psicologicamente até agora –, Krysten Ritter está cada vez melhor e mais ácida como a investigadora particular favorita de todo mundo.
Mike Colter abraçou todo o poder e as responsabilidades do herói blindado do Harlem. O ator não poupa carisma ao retratar um novo capítulo na vida de Luke, que está bem menos tumultuada do que quando o vimos pela última vez. Finn Jones continua sendo um ator um tanto quanto inexpressivo, mas a troca de direção mostra que o garoto tem potencial, trazendo simpatia e um espírito jovial que não havia sido explorado em sua série.
E em muitos sentidos, Os Defensores traz grandes melhorias em relação às séries de cada personagem. As cenas de ação estão muito bem executadas, tanto nas coreografias quanto na edição e montagem. O próprio Punho de Ferro possui uma sequência muito dedicada no terceiro episódio, que vai colocar um sorriso no rosto dos fãs.
Outro elemento que parece ter sido melhorado aqui é o ritmo – talvez em consequência da menor quantidade de episódios, com durações mais curtas. A trama encontra seu tempo sem parecer corrida ou arrastada demais, e graças ao fato da história (da temporada) transcorrer em uma semana, é visível o melhor aproveitamento de momentos mais singulares. Um jantar entre a equipe, por exemplo, tem a duração de todo um episódio, sem parecer um filler da história.
Aliás, é essa sensação de temporalidade que traz um elemento mais real à série. De alguma forma, ela parece se passar “ao vivo” graças à rápida sucessão dos eventos. Tudo ocorre em uma cascata de causa e consequência, o que deixa as coisas mais instigantes, afinal, a cada mistério que se revela, outro surge à frente, ainda que uma ou outra coincidência narrativa acabe provocando um olhar torto de vez em quando.
Mas o que realmente cativa na série é a dinâmica entre seus personagens – que curiosamente, demora para acontecer. É justamente quando eles estão juntos que vemos o potencial da equipe e da minissérie, e muitas vezes esse potencial quase se lança em um voo aberto. “Quase” porque é visível que a série está guardando seus melhores momentos para a próxima metade da temporada – para ser sincero, nem os trailers deram muitos detalhes sobre o que acontecerá a partir do quinto episódio.
É genial ver Luke Cage e Punho de Ferro interagindo pela primeira vez, abrindo um importante espaço para os Heróis de Aluguel no futuro, ao mesmo tempo em que se injeta um comentário social bem relevante sobre privilégios e necessidades. Ou então perceber que Jessica Jones e o Demolidor possuem habilidades muito particulares, que às vezes se complementam.
É essa junção que torna a série um verdadeiro primor entre os produtos da Marvel na Netflix. E ao mesmo tempo, é divertido notar como os criadores encontraram recursos narrativos e estéticos para que cada personagem tenha sua voz ouvida. Preste bastante atenção no trabalho de cor, que serve para definir qual personagem “dá o tom” de cada cena.
Essa distinção também é acompanhada pela direção de fotografia, que torna a vida pessoal de cada personagem única, e pela sonoridade, que traz diferentes aspectos culturais para cada um dos integrantes. E no fundo, vemos a presença constante de uma terrível ameaça no preto-e-branco de Elektra e Alexandra, uma dupla que ainda vai causar muito problema.
Por fim, resta dizer que Os Defensores é tudo pelo que os fãs esperavam – e um pouco mais. Apesar de ter momentos sombrios e densos, é a série mais divertida da Marvel/Netflix, com um humor auto-consciente no ponto (note as reações dos outros personagens ao ouvirem Danny falar que é o “Imortal Punho de Ferro” pela nonagésima sétima vez). Destaque também para a sequência de créditos iniciais, que é facilmente a melhor das séries da Marvel, junto com a de Demolidor.
Ainda não podemos entrar em detalhes, mas saiba que sua espera será recompensada. Temos aqui uma série que teve a coragem de ouvir as reclamações de suas antecessoras, e providenciou melhoras quanto a isso. Aprender com os erros do passado é preciso, e Os Defensores certamente sabem disso.
Na galeria abaixo, confira os pôsteres e imagens da série:
Não perca nossa crítica da série, que sairá logo depois que a primeira temporada for oficialmente liberada na Netflix.