Jack Kirby comemoraria seu centenário hoje e você deveria saber quem foi o Rei dos Quadrinhos!
Jack Kirby comemoraria seu centenário hoje e você deveria saber quem foi o Rei dos Quadrinhos!
Assim como Elvis é o Rei do Rock e Michael Jackson é o Rei do Pop, Jack Kirby é o Rei dos Quadrinhos. Não que ele quisesse isso.
A noção de que os quadrinhos poderiam ser importantes era uma ideia estranha, quando o falecido Jack Kirby, que completaria 100 anos hoje, chegou cheio de energia e imaginação para uma indústria que acabava de nascer na década de 1930.
Era normal que artistas abandonassem seus talentos devido à baixa remuneração e rotina cansativa de um desenhista de quadrinhos naquela época. No entanto, Kirby foi diferente. Com um estilo único e uma criatividade imbatível, suas ideias se destacaram, proliferaram e inovaram.
>SE TORNANDO UM ARTISTA
A paixão de Jacob Kurtzberg – nome verdadeiro de Jack Kirby – pela arte despertou quando ele era ainda uma criança. Apesar de sua família ter passado por muitas dificuldade financeiras após imigrar da Europa para a América, Kirby sempre encontrou alguma maneira de estimular sua imaginação. Sem dinheiro, era comum ver o garoto revirando o lixo de seus vizinhos para ler as tiras diárias de quadrinhos publicadas diariamente. Um de seus hobbies era levar os jornais para casas e seguir imitando os desenhos.
Durante a adolescência, o Rei dos Quadrinhos precisou encontrar meios de ganhar dinheiro e melhorar de vida. No início dos anos 30, ele foi recrutado para gangue Suffolk Streed, de onde tirou inspiração para muitas de suas criações envolvendo equipes.
Com 22 anos, Kirby conheceu Joe Simon. Os dois fizeram sucesso com histórias na Fox Feature Syndicate e pela criação de The Boy Cammandos e The Newsboy Legion na National Comics, que viria a se tornar a DC Comics. Contudo, o maior trabalho da dubla foi para a Timely Publications – hoje conhecida como Marvel, onde criaram juntos ninguém menos que o Capitão América.
Além de criar um herói soldado e um dos personagens mais importantes da história, Kirby também foi um. Enquanto muitos artistas de quadrinhos ganharam posições no exército fazendo pôsteres e panfletos instrutivos e motivacionais, o Rei dos Quadrinhos serviu em 1943 como um soldado de infantaria. Ele deixou o exército com a patente de soldado de primeira classe, um emblema do combate de infantaria e uma estrela de bronze. Kirby foi um judeu que realmente deu porrada em Nazistas.
>NOME MANCHADO
Após a Segunda Guerra Mundial, o mercado de quadrinhos começou a ruir devido à queda de interesse dos leitores e uma superabundância de quadrinhos de super-heróis. Jack Kirby e Joe Simon, então, revolucionaram novamente a indústria com Young Romance, uma história em quadrinhos muito popular que vendeu milhões de cópias e promoveu a criação de novos gêneros.
Porém, a popularidade dos quadrinhos de romance e horror do final dos anos 40 e início dos anos 50 levou o psicólogo Fredric Wertham escreveu Seduction of the Innocent, onde afirmava que quadrinhos violentos geravam jovens criminosos. A ideia foi comprada com facilidade e resultou na implementação do Comics Code Authority, que acabou com os quadrinhos de horror e restringiu severamente o conteúdo dos outros gêneros, incluindo super-heróis.
Como Kirby era um dos idealizadores de diversos gêneros e participou ativamente da criação de famosas histórias, seu nome ficou manchado entre os editores e ele foi forçado a pagar comissões e trabalhar a recebendo salários muito baixos para conseguir continuar produzindo quadrinhos.
>A ERA MARVEL DE SUPER-HERÓIS
Em 1961, depois de anos trabalhando em uma indústria fortemente censurada, Kirby foi abordado por Stan Lee para fazer uma história em quadrinhos de super-heróis. Na época, a DC Comics era um sucesso absurdo devido à Liga da Justiça da América. A Marvel não tinha personagens como Superman, Batman, Mulher-Maravilha e Flash para colocar em uma equipe. Então, Lee e Kirby tiveram a ideia de criar quatro personagens que seriam unidos pelas circunstâncias. Essa colaboração foi chamada de Quarteto Fantástico.
O estilo da dupla logo se tornou o estilo da Marvel. Os heróis conflituosos, as batalhas épicas e a atmosfera colorida das primeiras edições de Quarteto Fantástico começaram a aparecer em todos os quadrinhos da editora, deixando de lado qualquer fórmula da Era de Ouro.
Seis meses após a criação do Quarteto Fantástico, Lee e Kirby introduziram O Incrível Hulk, seguido pelo Homem-Aranha, que, embora não tenha co-criado, Kirby foi responsável pela primeira capa e inúmeras histórias icônicas. As próximas criações da dupla seriam O Poderoso Thor, Homem de Ferro, Os X-Men e Os Vingadores.
Naturalmente, Lee e Kirby desenvolveram sua própria fórmula, que seria imitada por todo mundo nos quadrinhos pelos próximos 40 anos.
Ao longo dos anos 60, o Rei dos Quadrinhos foi fundamental para transformar a Marvel uma sensação e se tornar a instituição cultural que é hoje. No entanto, a editora não era muito carinhosa com o artista e isso ficou ainda pior quando as brigas com Stan Lee pelos direitos autorais começaram.
Apesar de hoje reconhecer seus trabalhos com a co-criação de Jack Kirby, Lee diz que na época não entendia o conceito de co-criador. Para ele, a criação pertencia a quem tinha a ideia e o artista que a colocava no papel não era parte integral desse processo. Lee chegou a se desculpar com Kirby, mas a relação dos dois nunca mais foi amigável.
>DC COMICS
A relação manchada com a Marvel fez com que Kirby migrasse para a DC Comics em 1970, onde foi encorajado a libertar sua criatividade e produzir como nunca antes. Foi dessa confiança que surgiu O Quarto Mundo, uma saga alastrada que lhe permitiria explorar mais plenamente as ideias do cosmos e mostrava as lutas dos alienígenas Novos Deuses contra Darkseid, um vilão com o arquétipo que George Lucas usaria em Darth Vader anos mais tarde.
O Quarto Mundo abriu o caminho para os eventos de crossover que mais ganharam destaque nos anos 80, influenciando desde a Crise Nas Infinitas Terras da DC até as Guerras Secretas da Marvel.
Kirby acabou deixando uma nova fase do Quarto Mundo inacabada quando saiu da DC em 1976. Ainda assim, aquelas histórias são a manifestação mais grandiosa da visão mítica ilimitada de Kirby.
De volta à Marvel, o artista trabalhou na criação dos Eternos e trouxe temas que estavam se tornando sua obsessão: um panteão de poderosos seres, evolutivamente avançados, com características majestosas de nobreza e uma certa aspiração pelo divino.
>ÚLTIMOS ANOS
Nos anos 80, Kirby tentou replicar o sucesso dos Eternos e do Quarto Mundo com a criação do Kurbyverse, publicando de maneira independente Captain Victory And The Galactic Rangers. A história se saiu bem, mas Kirby mudou de foco para as suas contribuições às animações da Hanna Barbera. Mesmo assim, ele sempre se manteve como a maior mente criativa das histórias em quadrinhos. Sua luta pelo o reconhecimento e remuneração por seu trabalho continuou até sua morte em 1994, com 76 anos.
Jack Kirby foi um homem que imaginou o inimaginável e transcendeu as páginas com seus traços e cores. Ele soube retratar e falar sobre o bem e o mal com uma mente voraz pela exploração do cosmos. Neste dia, nós comemoramos o seu centenário e legado, mas ele nunca se foi de verdade. Sua obra ainda influencia e vai influenciar artistas e escritores por gerações e gerações. Há uma razão pra Stan Lee ter dado a ele o título de Rei dos Quadrinhos. Jack Kirby é imortal. E, no fim, ele se tornou seu próprio tipo de Eterno em seu próprio tipo de mundo.
Como você vai comemorar os 100 anos de Jack Kirby? A gente te sugere dar porrada em nazista e ler as listas abaixo: