Game of Thrones: 07.06 – Lágrimas de Dragão!
Game of Thrones: 07.06 – Lágrimas de Dragão!
Com ou sem vazamento, não estávamos preparados para o episódio dessa semana de Game of Thrones. Não pelas emoções que o capítulo proporcionou ou “plot twists”, mas pelo sentimento estranho que ele deixou quando os créditos subiram.
Episódio divisor de águas e de opiniões esse, hein? Como se não bastasse a polêmica do vazamento lá no começo da semana, o capítulo em si foi bem agridoce – fez a felicidade de alguns e deixou MUITA gente nervosa (com razão).
Vamos deixar a discussão final só para depois que a série encerrar o sétimo ano, então, dessa vez, foquemos nessa aventura cheia de dragões, zumbis e gelo por toda parte.
Nessa semana não foram tantos núcleos assim, mas vamos por partes, para nos organizarmos melhor. Nossa aventura começa dessa vez em…
Winterfell:
Tem algo muito estranho acontecendo na toca dos Lobos e esperamos que seja a preparação para uma boa reviravolta e não uma “Braavos 2.0”.
Seguindo o retorno da Arya, que foi bem tocante, com aquela cena no túmulo do Ned, depois com o Bran, e a batalha épica com a Brienne, as coisas ficaram sombrias entre a menina e a Sansa por influência do Mindinho.
No episódio passado, depois de discutirem sobre as ações da Lady Sansa diante dos Lordes do Norte – algo que já parece ter todos os dedos do Lorde Baelish na criação – a Arya encontra aquela carta antiga, escrita pela irmã, forçada, lá da primeira temporada, quando ela era prisioneira em Porto Real. Outra ação do Mindinho. Sem entender direito o contexto disso, nesse capítulo ela vai tirar satisfações, acusando a Sansa de auxiliar os Lannisters na morte do Ned.
Vejam bem: a Arya discordar das ações da Sansa como líder de Winterfell faz sentido, quando as duas nunca se deram muito bem e possuem visões completamente distintas de mundo. Nenhum problema aí. No entanto, essa carta é uma coisa completamente diferente.
A moça Stark passou tempos e mais tempos treinando com os melhores assassinos do mundo, aprendendo o que é uma mentira, vivendo mentiras. Aquilo estava mais que claro que era uma armação. E se a Arya se lembra tão bem da execução do Ned, ela deveria recordar também do desespero da Sansa na plataforma. Ela não estava lá parada, observando.
Mesmo que a situação seja inconsistente, o diálogo que elas desenvolvem é legal. Da mesma forma que dificilmente a Sansa sobreviveria no lugar da Arya, a mais nova nunca passaria pelas mesmas coisas que a irmã mais velha enfrentou e ainda estaria ali, inteira. Como ela mesma coloca: tanto Arya, quanto Jon e até mesmo o Bran deveriam ser gratos a ela; quem tirou Winterfell das mãos do Ramsey foi ela, não o Jon. E quem está mantendo aquele castelo em pé agora é ela, ninguém mais.
Isso poderia continuar como erro grave de roteiro – se pegarmos a cena final entre as duas, quando a Sansa descobre a sacola de “máscaras” da Arya e a menina ameaça a irmã de uma forma tensa. Mas existe um porém aí no meio que nos deixou mais esperançosos.
Ao longo do episódio, a Sansa vai até o Mindinho e desabafa sobre o acontecido, sobre a carta. Ele, por sua vez, tenta manipulá-la contra a irmã, sugerindo que, se a coisa saísse do controle, ela usasse a Brienne para dar um fim na Arya. Absurdo, certo? Mas a Sansa parece concordar com a ideia.
No entanto, logo depois, um convite de Porto Real chega, chamando a Lady Stark para o encontro entre a Rainha de Westeros, a Rainha dos Dragões, o Rei do Norte e todos os outros interessados sobre a ameaça dos Outros. Sem pensar duas vezes – traumatizada pelo Sul e, estranhamente, querendo tirar a guerreira dali – a Sansa envia a Brienne e o Podrick no seu lugar, ficando sozinha em Winterfell com Arya, Bran e Mindinho.
Está tudo muito estranho, galera, e esperamos uma boa explicação para esse plot. A Arya e a Sansa estão manipulando o maior manipulador de Westeros? Ou é um erro grave de narrativa? Porque o Bran não resolve esse assunto e só conta para as duas o que está rolando? De qualquer maneira, o fim não parece promissor para o Lorde Baelish, ms nenhuma morte chocante vai salvar um roteiro mal escrito dessa vez.
Pedra do Dragão:
Viajando de Winterfell para Pedra do Dragão, essa é nossa última parada antes de Atalaialeste do Mar. São duas cenas bem bacanas com Daenerys e Tyrion, construídas em diálogos sobre política e os interesses da Khaleesi.
Depois dessa cena, não existem mais dúvidas de que a Rainha dos Dragões quer um pedaço do Jon pra ela, certo? Foi um pouquinho dolorido ouvir ela citar “Drogo, Jorah, Daario e esse Jon Snow”, mas nós sabíamos que isso estava vindo. O Tyrion mesmo pontua isso para ela. Pelo menos essa fala rendeu o “ele é baixo demais para mim”. Se levarmos em comparação o Khal Drogo, realmente.
O mais importante dessa sequência é quando a Rainha discute com o Tyrion seu encontro com a Cersei. Como o Lannister mesmo pontuou, a Cersei primeiro quebra com palavras, depois tenta te matar e esse é um problema terrível em uma situação de trégua, quando estamos lidando com alguém com o ego tão inflado quanto a Daenerys. A Leoa não precisa de outras armadilhas para ter uma desculpa para atacar a Quebradora de Correntes em Porto Real: na situação atual, na primeira virada de olho da Cersei, a Dany já vai estar louca para gritar Dracarys e queimar tudo, criando 0 momento perfeito.
É só ver a reação que ela tem quando o Tyrion diz que às vezes ela pode ter um pavio um pouco curto demais. Ou lembrar quando o Jon comparou toda Westeros com crianças e ela quase tomou como uma ofensa pessoal. Será interessante ver como o debate entre as duas vai se desenrolar.
Além disso, vemos o próprio Tyrion levantar uma discussão que nós, fãs, estamos tendo há algum tempo. Daenerys não está sendo hipócrita querendo se comparar ao Aegon, o Conquistador e, ao mesmo tempo, falando sobre “quebrar a roda”? Pelo que vimos aqui, ela não pretende pensar em como vai manter a tal roda quebrada tão cedo. Ela está completamente focada na coroa e só na coroa e isso é um pouco preocupante.
Vocês podem dizer à vontade que o Tyrion não sabe fazer guerra e tudo mais – e não sabe mesmo, ele provou isso quando perdeu Jardim de Cima e Dorne. Mas, quando a Khaleesi o escolheu como Mão, na sexta temporada, a ideia dela de conquistar o Trono era BEM distinta da de agora. O Tyrion, porém, manteve o foco e ainda quer vê-la governando como eles planejaram lá atrás.
A segunda cena em Pedra do Dragão vem quando um corvo a jato direto de Atalaialeste do Mar chega, informando a situação desesperadora em que o grupo do Jon se encontra. Sem pensar duas vezes, e em despeito de toda a argumentação do Tyrion, Daenerys coloca sua melhor roupa de Norte, pega seus três dragões e parte para além da Muralha.
É hora de vermos um verdadeiro confronto entre gelo e fogo.
Atalaialeste do Mar:
Agora deu pra entender a necessidade de esperar o inverno chegar para as filmagens dessa temporada. Grande parte do episódio se desenvolveu para além da Muralha, com o grupo do Jon em busca de um wight para levar para a reunião com a Cersei.
Aí que está um dos problema: os wights, em tese, não deveriam atravessar a Muralha. Vocês podem argumentar que a forma como esse vai passar é especial, mas ainda assim não é das melhores explicações. Toda essa ideia é bem problemática, para dizer o mínimo. É um risco desnecessário. O Jon ali, Rei do Norte, é uma atitude idiota – o Tormund também conhece o Norte e os Outros. Enfim, né, vamos lá.
Voltando para a aventura na neve, não podemos reclamar das locações, filmagens e da produção em si desse capítulo. Tudo bem bonito e bem feito. O Inverno nunca foi tão lindo e opressor ao mesmo tempo.
Temos interações e diálogos BEM legais no grupo também, como Gendry nos ajudando lembrar do seu rancor pela Irmandade – eles venderam o rapaz para a Melissandre – que o Sandor não achou um caso digno de reclamação. O Cão também teve uma conversa ótima com o Tormund, onde eles falaram sobre a Brienne. Enquanto o Selvagem declamava todo seu amor pela guerreira e como queria ter filhos gigantes e monstruosos com ela, o Cão não poderia estar mais assustado.
Outros pontos legais são Jon e Jorah, quando o rapaz tenta entregar a Garralonga pra ele – é uma herança da família Mormont, por isso o nome – mas o Jorah recusa e afirma que ele merece a espada; e Jon e Beric, quando debatem suas funções no mundo, dois ressuscitados. Particularmente, essa ideia de “lutar contra a morte” e “a morte é o inimigo final” é meio furada pra mim, quando todo mundo morre, de uma forma ou de outra. Isso me deixa um pouco apreensivo sobre os Caminhantes Brancos, mas não vamos atropelar a história.
No meio do caminho, então, eles encontram um urso gigante zumbi. Nós já vimos cavalos na série e, mais cedo na temporada, mostraram gigantes, mas esse é a primeira criatura mais distinta que surge do exército dos Outros. Uma pena, porém, não serem as aranhas gigantes de gelo descritas nos livros. O urso dá um trabalho, quase leva o Thoros, mata alguns figurantes e bola pra frente.
Andando mais um pouco, o Sandor encontra a montanha da sua visão e eles sabem que estão perto de seu destino. Qual exatamente… bom, até agora o lance não era só capturar um wight e fugir?
Eis que surge uma divisão do exército dos Mortos e, assim, o plano começa a fluir. Montam uma emboscada, lutam contra os zumbis e com a Garralonga o Jon mata o Caminhante Branco liderando aquele grupo. Um porém aqui: quando o Caminhante Branco cai, os wights caem junto dele, menos um, para o grupo capturar. Que conveniente, não é mesmo?
Nem tudo é sorte, no entanto. O bicho grita pra caramba, todo mundo ali por perto escuta e surge zumbi de todo canto. É aí que mandam o Gendry em outra direção para mandar o corvo para Daenerys, e continuam fugindo dos wights e Caminhantes até ficarem encurralados no meio de um rio congelado.
Vamos fazer uma pausa, só um segundo, porque as coisas vão piorar consideravelmente a partir de agora. Pensemos no caso do Gendry, enquanto esse pessoal recupera o fôlego no meio do rio.
Mesmo que eles estejam explorando aquela região em busca de um wight e não necessariamente fazendo uma jornada fixa, o grupo já estava bem longe do castelo. Ainda assim, o Gendry correu, correu, correu, um rapaz que nunca tinha ido nem para o Norte, muito menos para um Inverno daqueles, e chegou em menos de um dia, sem perder membro algum do corpo no caminho ou morrer de hipotermia, em Atalaialeste do Mar.
Como se isso não bastasse, eles enviam um corvo para a Daenerys pedindo ajuda. Galera, aquele grupo estava preso numa temperatura absurdamente baixa, sem mantimentos, cercados, no meio de um lago congelado – eles não tinham mais que um dia pra sobreviver ali. Dito isso, esse corvo divino atravessa de Atalaialeste do Mar, que fica no extremo Norte de Westeros, até Pedra do Dragão, que pra vocês ficarem mais situados, é basicamente do lado de Porto Real. Isso também em menos de um dia. Se esse corvo não recebeu um prêmio depois disso, podemos declarar injustiça aqui.
No fim, Daenerys sai com seus três dragões para percorrer o mesmo caminho. É mais de meio continente, com mudança brusca de temperatura, um frio que ela e os dragões NUNCA enfrentaram na vida, sem suprimentos. Assim mesmo ela chega para o salvamento, também em menos de um dia. Considerando o tempo do Gendry se separar e a Daenerys chegar, se passou, mais ou menos, UM DIA INTEIRO. Usar o teleporte uma ou outra vez na temporada é aceitável, já estamos acostumados. No mesmo episódio e jogar na nossa cara várias vezes, aí é difícil.
Mais ainda: em outras situações, existia o argumento de que não sabíamos exatamente como estava funcionando o tempo em cada lugar. A Arya sair de Braavos no episódio 7 ou 8 da sexta e surgir em Westeros já no décimo pode receber a desculpa de que tudo o que estava rolando lá era bem anterior ao que estava acontecendo no continente. Nesse caso, porém, temos uma linha temporal contínua, onde isso não cola nem com as melhores teorias.
Coração do Inverno:
Vamos lá para o que todo mundo estava esperando desde que os Caminhantes Brancos e os dragões surgiram nessa série. Com o grupo cercado, lutando pela vida no meio do rio congelado, tentando manter o wight capturado e já com baixas – R.I.P. Thoros e figurantes que não paravam de surgir para cumprir a cota de mortes – eis que a Mãe dos Dragões surge no horizonte com seus filhos, incendiando o Norte como nunca havia se visto antes.
Primeiro, vamos comentar sobre as partes positivas: como esperado, sim, o fogo de dragão é efetivo nos wights. Não podemos dizer o mesmo dos Caminhantes Brancos, porém; não vimos nenhum deles atingidos. Pelo menos a parte bruta do exército pode ser parada pelas bestas da Daenerys. Também, ela conseguiu resgatar o pessoal da pedra e o wight capturado, então reunião com a Cersei confirmada.
Mas nem tudo são rosas ou inteligência. Já é de praxe da parte da Daenerys subestimar seus inimigos e aqui não foi diferente. Ela não percebeu o tamanho da ameaça e deixou seus dragões expostos de novo, prestando mais atenção no Jon Snow do que em seus filhos rodando nos céus de Inverno.
Nisso, só podemos ver os olhos azuis do Rei da Noite brilhando. O Jon vê o que vai acontecer, mas já é tarde. O Senhor do Inverno pega uma lança de um material que faria inveja à Cersei, vai calmamente até a beirada de onde estava parado, observando a luta, mira e mata, com um ataque só, um dos dragões da Khaleesi em pleno voo. Luto, Viserion 🙁
Mesmo com tantas críticas, essa foi uma das cenas mais emblemáticas de toda a série. Depois de anos escutando o quanto os dragões são poderosos, vemos os Caminhantes reafirmando que estão ainda mais acima, fazendo literalmente chover sangue de dragão no extremo Norte de Westeros. A Targaryen não tem mais três cabeças de dragão. Esse foi o maior ataque que ela sofreu desde a primeira temporada, maior até que a morte de Drogo.
Em meio aos gritos de dor do Drogon e do Rhaegal e ao choque peculiar da Daenerys, Jon manda todos irem embora logo, pois um novo ataque está para vir. O grupo parte e ele afunda, para o desespero da Rainha, nos mares congelados.
Claro, estamos falando do herói da história. E sim, por mais dolorido que seja, podemos dizer com todas as letras que Game of Thrones agora tem heróis, coisa que antes não era tão verdade assim. Jon consegue, de alguma forma, voltar para a superfície – mesmo considerando a temperatura daquela água e daquele lugar – e é salvo pelo Tio Benjen, em último encontro, só para escutarmos um “UN-CLE BEN-JEN” final, que se sacrifica para o rapaz fugir em seu cavalo.
De volta a Atalaialeste, a Rainha dos Dragões espera o Rei do Norte, mesmo contra todas as probabilidades – vocês já perceberam o quanto isso está parecendo uma fanfic sendo escrita, né? Quando o cavalo surge e os portões se abrem, ela nem consegue mais conter a emoção. No navio, retornando para Pedra do Dragão, agora com o Jon aos cuidados Targaryen, Daenerys descobre as cicatrizes da traição da Patrulha da Noite e percebe que não era uma metáfora o rapaz ter voltado dos mortos.
Com Jon acordado e Daenerys emocionada pela morte do Viserion, temos não só a confirmação do interesse mútuo entre os dois, com ele chamando a Khaleesi de “Dany”, como a promessa do rapaz de dobrar o joelho assim que puder. “Minha Rainha”. Foi dolorido, foi difícil, Jonerys é real, mais meloso e complicado do que imaginávamos.
Voltando rapidamente para o Coração do Norte, o Rei da Noite conseguiu um novo brinquedo depois disso. Com correntes vindas do além, o exército dos mortos tira o corpo do Viserion do mar e o Senhor do Inverno usa seus poderes para trazê-lo de volta à vida, agora sob seu comando. Se segurem, galera, o Dragão de Gelo é real.
Esse capítulo terminou com um gosto amargo na boca, independente de quem são seus personagens favoritos. Se você é só fã da série pela ação, porém, foi um ótimo espetáculo. Quando tudo se encerrar, na próxima semana, vamos debater a sétima temporada completa em uma crítica, para podermos entender o que aconteceu que não deixou essa aventura ser tão épica quanto deveria. Quando foi que Game of Thrones se tornou o oposto do que era?
Mas digam vocês, o que acharam do penúltimo episódio da sétima temporada? Ansiosos para a finale? Confesso que, mesmo decepcionado, ainda dá para manter o entusiasmo. É a reunião de todos os núcleos da série, no fim das contas. Não esqueçam de comentar!
Confira nossa galeria com imagens de Game of Thrones:
O último episódio da sétima temporada de Game of Thrones vai ao ar no próximo domingo, 27 de Agosto, pela HBO. Não perca nossa review final sobre o 7º ano da série na próxima segunda-feira!
Imagens: Divulgação/HBO