Agentes da S.H.I.E.L.D. – 4.15 – A série em seu auge!
Agentes da S.H.I.E.L.D. – 4.15 – A série em seu auge!
“LMD” foi um arco emocionante, bem amarrado e cheio de reviravoltas ao longo de sua narrativa… o que gerou uma grande desconfiança dos fãs com relação a como seria seu encerramento, e se conseguiria se manter à altura da história construída até então. E para grande alívio, em “Self Control” não tivemos apenas um final espetacular, como também o melhor episódio de Agents of S.H.I.E.L.D. até agora!
Normalmente, seguimos as linhas de reviews com uma grande recapitulação de tudo que aconteceu no episódio e uma breve contagem do que funcionou e o que deixou a desejar. Mas dessa vez, seria até mesmo desonroso começar com uma recapitulação, pois temos muito a falar e qualquer resumo seria aquém da magnitude do episódio.
Mas o que precisa ser dito, antes de mais nada, é um grande e suntuoso “Parabéns” para toda a equipe por trás da série. Sendo o primeiro episódio escrito e dirigido por Jed Whedon, temos apenas a agradecer pela “entrada” do co-criador da série como um dos diretores, já que o irmão mais novo de Joss (que dirigiu não apenas os dois filmes d’Os Vingadores, como também o piloto de S.H.I.E.L.D.) usa todo seu conhecimento da mitologia da série ao seu favor, criando um episódio que olha para o futuro através de uma lente do passado.
Logo em seguida, é importante mencionar o ponto mais alto do episódio, de modo técnico: as atuações. Aqui, ao mesmo tempo que vemos Clark Gregg (Phil Coulson), Iain de Caestecker (Fitz), Henry Simmons (Mack) e Jason O’Mara (Mace) se tornando criaturas frias e mecanizadas, resultado de sua substituição por MVAs (Modelos de Vida Artificiais), também temos Elizabeth Henstridge (Simmons) e Chloe Bennet (Daisy/Tremor) mais humanizadas do que nunca, revelando duas guerreiras profundamente assustadas com o mundo terrível que as cerca.
Aliás, é graças à atuação de Henstridge que a cena de maior peso em todo episódio é o grande confronto entre Fitz e Simmons, quando é revelado que um dos dois é um MVA, e com isso, os dois entram em desespero, até que Fitz se revela o verdadeiro androide e ataca Simmons. Conseguimos ver a dor no olhar de Simmons ao ser “traída” pelo homem que ama, e a vulnerabilidade ainda maior quando a agente esfaqueia penosamente o substituto de seu namorado.
Por outro lado, Bennet também não deixa Henstridge ser o único destaque da noite. A atriz aqui mostra um medo tão real e profundo que só pode ser comparado ao episódio em que ela finalmente descobre que Grant Ward é um agente da HIDRA, ainda na primeira temporada. E isso sem contar as cenas de ação – muito bem filmadas e planejadas nesse episódio – onde, por termos tanta exposição ao lado humano da Tremor, conseguimos sentir cada soco como se nós mesmos os estivéssemos levando.
E tudo isso, seja nas atuações, nas sequências de ação ou em até outros quesitos técnicos, corrobora para criar uma das atmosferas mais pesadas e sufocantes que a série já trouxe até hoje. O episódio é bem corrido – mas não de uma forma ruim – e isso, aliado à fotografia escurecida que “engole” todos os focos de luz, cria uma grande tensão narrativa, de modo que a sugestão do que está acontecendo consegue até ser mesmo mais assustadora do que o que está acontecendo de fato.
Como encerramento, o episódio funciona tão bem como qualquer season finale da série. Não temos apenas a conclusão de uma história – muito bem – construída até ali, mas também são jogados uma série de ganchos que servem para puxar novas tramas para o futuro. Aliás, um dos momentos que comprova bem isso é a final “libertação” de Aida, quando ela finalmente assassina seu dono/criador e assume o controle dos planos, se tornando uma vilã tão bem construída quanto o próprio Ward nas temporadas anteriores.
Mas isso não é o bastante. A MVA também traz para si própria uma aura tão intocável que nos faz pensar de que forma as únicas agentes livres – Tremor e Simmons, aliadas à Yo-Yo – conseguirão derrotar a androide e resgatar seus aliados na última parte da temporada (que só começa em abril). Aliás, falando nas agentes livres, não podemos fazer outra coisa senão pensar que a série poderia aproveitar a oportunidade para trazer de volta – em uma nova formação – os Guerreiros Secretos.
Ainda assim, algumas dúvidas ficam no ar. Por exemplo: qual será o grande papel do Superior agora que Aida fez um MVA dele, que é controlado remotamente? Ou então, de onde surgiram os vários modelos de vida artificiais de Tremor, e como chegaram até ali? E outra pergunta que não quer calar, pois já foi “confirmada” por alguns produtores e roteiristas da série: como o próximo arco irá reunir as tramas de LMD com as tramas de Ghost Rider, o primeiro arco da quarta temporada? Veremos o Motorista Fantasma retornar?
São todas questões que precisam ser respondidas no futuro (principalmente a do exército de Daisies que brotou do nada). Mas o futuro se torna ainda mais promissor quando paramos para analisar os últimos dez minutos do episódio, onde vemos Daisy e Simmons finalmente mergulharem no Framework, a realidade virtual onde estão seus colegas de equipe.
Lá, elas se encontram em um mundo onde Simmons aparentemente morreu, Fitz é um homem rico acompanhado de alguma mulher misteriosa – que, particularmente, suspeito ser Aida -, Coulson aparenta ser um professor de universidade, Mack vive uma vida normal com sua filha, May é uma agente da HIDRA e Daisy é casada com ninguém menos que o próprio Grant Ward (afinal de contas, a série jamais consegue abandonar Ward. Mesmo quando o maldito morre, ele precisa voltar, seja como alien ou como parte de uma realidade virtual.)
E é nesse clima de Flashpoint What If que o episódio se encerra. Aliás, esse é um nome importante, já que “What If…” é o título do próximo episódio da série, dando início ao arco “Agents of Hydra”. Nos quadrinhos, What If… (traduzidos mais ou menos como O Que Aconteceria Se…) eram histórias em realidades alternativas, imaginando o que aconteceria se algum evento X acontecesse de forma diferente do que aconteceu na realidade “normal”.
Aqui, temos um grande “What If…” ainda que virtual, imaginando o que aconteceria se a S.H.I.E.L.D. não tivesse prosperado em Capitão América: O Soldado Invernal. Isso não apenas liga a série ao seu início, como também cria margem para criar e revisitar uma série de eventos de suas três temporadas anteriores, porém, de forma diferente, além de servir como um grande pano de fundo para que os roteiristas comentem a política atual norte-americana pelo viés fictício.
E é isso, basicamente. Agents of S.H.I.E.L.D. nunca esteve tanto em seu auge quanto agora. A série, por mais que lide com personagens originais (em sua maioria), nunca antes esteve tão mergulhada na mitologia da S.H.I.E.L.D. nos quadrinhos. E não apenas isso, temos aqui um verdadeiro exemplo de saber respeitar os fãs da série, sempre propiciando “realidades” muito além das “expectativas”. Resta saber como Daisy e Simmons irão ajudar seus companheiros… afinal de contas, agora elas estão andando pela corda bamba… erguida pouco acima de um campo minado.
Agents of S.H.I.E.L.D. retorna no dia 4 de abril, na ABC.