Agentes da HIDRA: 4.17 – Salve a Madame Hidra!
Agentes da HIDRA: 4.17 – Salve a Madame Hidra!
O episódio mais devastador de toda a série.
Agentes da S.H.I.E.L.D. é uma série que trabalha com surpresas. Desde seu início, ela vem trazendo os fãs em um passeio de montanha russa, sempre surpreendendo com coisas novas, quer sejam elas positivas ou negativas.
Essa busca por materiais cada vez mais pitorescos e arrebatadores nos trouxe ao terceiro arco da quarta temporada, intitulado Agentes da HIDRA, cuja premissa básica é recriar toda a série, a partir de um mundo onde a HIDRA reina soberana e a S.H.I.E.L.D. não passa de fragmentos do passado.
O episódio anterior já tinha deixado isso bem claro. Mas “Identity and Change”, exibido na última terça-feira, chegou como um violento e brutal soco no estômago. É um memorando de que o Framework pode ser uma realidade virtual, mas tudo que acontece lá terá dolorosas consequências reais.
Aqui, depois do episódio passado, Coulson – que recobrou parcialmente suas memórias e está sendo caçado pela HIDRA – e Simmons finalmente são levados à base da S.H.I.E.L.D., onde acabam dando de cara com o Patriota, que lidera a resistência clandestina contra o império maligno da organização nazista.
Aqui vemos o quão impressionante é a capacidade da série de subverter seus personagens. Coulson, ainda que tenha vários trejeitos do líder que amamos desde o início do Universo Cinematográfico da Marvel, se tornou um conspiracionista cômico. Já Mace, por sua vez, é o líder realmente inspirador e durão que deveria ser desde o princípio – e não foi.
Enquanto isso, Daisy – ainda tentando servir como agente da HIDRA – é designada para, junto de May, perseguir e prender ninguém menos que Mack, cuja filha (que vale lembrar, está morta na realidade normal) acabou roubando um dos drones de espionagem criados pelo Doutor.
E aliás, é aqui que o episódio começa a criar um nó na garganta de quem está assistindo. A relação de Mack com sua filha é algo emocionante. Dói demais saber que, quando ele acordar do Framework, ela não estará mais ao lado dele, e isso pode destroçá-lo imensamente. Mas enquanto isso não acontece, destroçados ficamos nós, ao ver a HIDRA tratando os dois com tamanha violência. Em determinado momento, eu realmente cheguei a ficar muito nervoso pela vida da filha virtual.
Porém, o grande problema aqui é que May não é burra. Ela sabe que algo está acontecendo com Daisy – que, até então, ela conhece como Skye. E sendo uma das agentes mais casca-grossas da HIDRA, ela não iria deixar barato para a colega. Como resultado, ela faz uma armadilha com Mack, e a reação de Daisy acaba sendo o suficiente para lhe colocar em uma caçada humana dentro do Triskelion.
Aliás, se torna presente mais uma vez a mania da série de trazer surpresas. Quando Mack finge ter lembranças de fora do Framework, tudo pareceu encontrar sua resolução, apenas para esquentar o clima para um balde de água fria ainda maior que viria quando ele dissesse que tudo não passava de uma mentira.
Por fim, Simmons, Ward e Coulson pressionam o Patriota e vão confrontar Radcliffe, que vive isolado com sua amada Agnes. Contudo, a Madame Hidra se aproxima, trazendo consigo o seu “amado” Fitz, o que força os agentes a se esconderem.
Há um conflito tremendo enquanto Radcliffe a Madame Hidra/AIDA, contando a verdade do Framework à Fitz, que continua não acreditando. E a tensão chega a um nível insuperável quando Fitz ameaça matar Agnes, que ele acha ser uma “invasora do outro lado”, vinda para tomar o lugar de sua mulher. Porém, o que era ameaça logo se torna o primeiro assassinato de Fitz, o que choca a todos, principalmente Simmons, que já não reconhece mais o amor de sua vida.
Em quarenta minutos, a série criou um ambiente de tensão e desespero maior do que em boa parte de todos os seus episódios anteriores. Nem mesmo a revelação de que Ward era um agente da HIDRA, na primeira temporada da série, chegou a doer tanto quanto o tiro disparado por Fitz. Em menos de um episódio, AIDA conseguiu vencer, e deixará cicatrizes eternas para a vida dos agentes.
E isso se dá graças ao excelente trabalho do elenco. Iain de Caestecker, que interpreta Fitz, tem se mostrado um verdadeiro monstro da atuação aqui – ou apenas um monstro, como Doutor. O ator tem imprimido uma energia letal e brutal ao personagem, que nunca teria feito sentido fora do contexto do Framework.
E a grande estrela por trás disso é Mallory Jansen. É curioso notar as distinções básicas entre a AIDA e a Madame Hidra, ainda que sejam a mesma personagem. Porém, livre do corpo robótico, a Madame Hidra é um ser venenoso e audacioso, movendo-se quase como uma verdadeira víbora. E são essas pequenas nuances que fazem de Jansen uma das, senão a melhor atriz a já ter passado pelo elenco da série.
Tecnicamente, o episódio mantém-se no alto nível que a temporada tem entregue. Mais uma vez, preciso atentar para o trabalho sonoro – que é algo que vai continuar passando despercebido por boa parte do público. A trilha e a ambiência estão muito bem acomodados a essa ideia de uma “calmaria” que esconde um verdadeiro furacão. A inquietação pode ser sentida em cada nota, em cada ruído.
E continuando o que eu fiz semana passada, aqui vão alguns dos easter-eggs e referências do episódio:
- O nome da Madame Hidra é Ophelia, uma referência à Madame Hidra dos quadrinhos, que apesar de não ser a AIDA, se chama Ophelia Sarkissian. Ela também já adotou o alter-ego vilanesco da Víbora.
- Vocês perceberam como o Coulson é fascinado pelo Patriota? Isso não lembra bastante a cena em que ele finalmente conhece o Capitão América em Os Vingadores? Ele inclusive chega a falar que desenhou um modelo para o traje do herói inumano, o que pode ser um comparativo interessante, já que ele também desenhou as modificações no traje do Sentinela da Liberdade.
- E já que tocamos no assunto, vale a pena lembrar: esse mundo não possui Vingadores. O Patriota é quem parece tomar conta da resistência. E, é claro, nos quadrinhos, Jeffrey Mace também já foi um dos usuários do título de Capitão América.
- Quando Radcliffe vê Ward, ele menciona o Hive.
- Há algumas referências a Capitão América: O Soldado Invernal aqui. Para começar, temos o pátio que deveria estar cheio de Quinjets e Aeroporta-aviões – ainda que aqui, isso não esteja ligado ao Triskelion.
- E por último, ainda falando no Triskelion, não vamos esquecer da grande cena de fuga de Daisy, que chegou a envolver uma luta em um elevador… que nem Steve Rogers em seu segundo filme.
Para finalizar, “Identity and Change” não é um episódio fácil de se assistir. Por mais que todos os personagens que amamos estejam ali, o nível extremo no qual eles estão inseridos é o que resulta em cenas de partir o coração. E, supondo que um dia Fitz acorde e se recupere do que foi obrigado a fazer, ainda é incerto dizer que Simmons, ou que o romance dos dois irá absorver isso completamente.
Abaixo, você pode conferir as imagens do próximo episódio da série, intitulado “No Regrets”:
Agents of S.H.I.E.L.D. vai ao ar às terças-feiras, na ABC.