Era do Ultron #01 e #02 – Quem? Como? Quando? Onde?
Era do Ultron #01 e #02 – Quem? Como? Quando? Onde?
Foram diversos os teasers, o animo dos fãs, tudo. Age of Ultron prometia ser uma trama de tirar o folego, e não me entendam mal, sem duvidas tira o folego em cada uma de suas, pouco mais, de vinte paginas… Porém não por aquilo que eu esperava. Brian conseguiu criar uma história constante, fria e até mesmo dolorosa do nada, porém isso traz um sentimento de que há algo faltando, de que há algo errado… O “Grande Evento” também, sequer mostra-se estar relacionado a qualquer outro quadrinho no mercado.
É muito legal ver o Bendis fazer isso, tentar diferenciar a sua trama de várias outras, que tiveram seu começo, meio e fim. E se relevarmos um pouco isso do “de onde tudo isso saiu?”, a trama torna-se bem intrigante, porém meu maior medo é o futuro. Age of Ultron deveria ser O Evento, afinal, temos um filme do Homem-Formiga sendo produzido e Ultron é não apenas criação e maior inimigo do brilhante cientista com problemas mentais, mas também um dos maiores vilões do universo Marvel… E ai temos Age of Ultron rolando, enquanto em Uncanny Avengers há um “grande Mal” vindo, em Avengers há o “Evento Branco” (para mim esse é realmente o mais interessante no momento), em alguns títulos mutantes temos o X-Termination começando a acontecer, isso sem falar dos New Avengers que estão sabendo que logo, logo Galactus está ai e…
Verdade seja dita, parece que a Marvel está atirando para todos os lados, com várias histórias que poderiam realmente ser grandes eventos, porém não sabe em qual apostar e ao invés de trabalhar um de cada vez, achou mais interessante colocar todos na Banca e ver qual daria mais resultado. Dada a bronca inicial, vamos falar realmente de Age of Ultron.
Desde que saíram as primeiras noticias sobre a saga, já estava ansioso, porém receoso. Ao terminar de ler a primeira edição me senti traído, quase tão mal quanto ao ver que haviam retirado a boca do Deadpool no (maravilhoso) filme do Wolverine. O desenho do sumido Bryan Hitch é fantástico e passa bem o sentimento de um mundo pós-apocalíptico, e mesmo de forma simples, consegue transmitir em seus traços as expressões, faciais e corporais, dos personagens de uma maneira clara e direta.
Brian Bendis e Brian Wood, para mim são os escritores com os melhores diálogos da Marvel atualmente, eles não precisam fazer gigantescos diálogos profundos para conseguir fazer os leitores compreenderem exatamente o que está acontecendo, porém quando o fazem não há como não se espantar com a leveza e dedicação com o qual o fazem. Bendis, porém, não faz diálogos profundos na primeira edição de AoU, também não fez qualquer dialogo que fosse sequer mais interessante e intrigante, até mesmo o conflito de quando Clint, o Gavião Arqueiro, volta junto de Peter Parker parece ser simplesmente para encher linguiça e se mostrassem apenas a visão de Peter, totalmente arrebentado, sangrando e quase desmaiando, vendo o conflito deles pelas quatro paginas com uma visão embaçada e sem ouvir nada teria o mesmo efeito.
O ponto alto da primeira edição Clint matando sem dó os bandidos avulsos que sequestraram o Homem Aranha, Bryan conseguiu trazer credibilidade e ação a cena. E no fim, ver Capitão América, em posição fetal, com seu escudo despedaçado… Sim, isso valeu a pena. E Muito! A verdade é que não sou o maior fã do personagem e quanto mais fragilizado, assustado e descaracterizado ele estiver, melhor. Este é, inclusive, o maior mérito de Bendis em ambas as edições, a falta de diálogos bem construídos foi muito bem compensada pela desconstrução dos personagens.
Desconstrução esta, que, a meu ver é o que irá conduzir o Crossover que terá 10 edições, publicadas em quatro meses. Já na segunda edição encontramos Viúva Negra junto de Cavaleiro da Lua, dizer que meu coração ficou apertado ao ver Natasha, desfigurada e esfomeada comendo uma pequena barra de cereal, seria pouco… Não posso dizer que sou um fã do personagem, ela sequer está no meu Top 10, porém sempre tive certo apego a ela, e vê-la assim, deve ter deixado seus fãs em estado de choque.
A interação de Viúva com o Moon Knight, no antigo esconderijo de Nick Fury foi bem interessante, o dialogo entre os dois foi explicativo, porém sem ser didático, e espero que logo ela reencontre os antigos colegas. Falando em antigos colegas, gostei de ver Monica Rambeau ali no meio, e obviamente Emma Frost estar viva nessa confusão toda me deixa muito feliz, porém ainda quero saber o que aconteceu com algum dos meu favoritos, entre eles Feiticeira Escarlate e todos os Jovens Vingadores, que apareceram apenas nas fotos do porão de Fury.
O “flashback” de Peter é bem interessante e mostra que absolutamente nenhum deles sabe exatamente o que está acontecendo, o que explica a trama começar “do nada”, isso me deixou bem aliviado, já que deveremos ter mais desses flashbacks e eles devem descobrir como Ultron voltou e se tornou tão forte assim. O Final, contudo, não foi tão empolgante quanto deveria ter sido, Capitão América finalmente se levantando e dizendo que tem um plano. Penso que se essa situação houvesse ocorrido ao final do próximo volume, teria um impacto bem maior, pois mesmo gostando de coisas rápidas, é necessário ter um pouco de tempo para desenvolver a aflição no publico.
Fato é que Age of Ultron é uma trama intrigante e sólida, porém ainda falta um pouco para chegar a seu ápice. Bendis não me decepcionou em Dinastia M, Vingadores: A Queda, e nas edições iniciais de Avengers Vs. X-Men… Para leitores novos, que leram apenas Guerra Civil e AvX, e já se acham grande entendedores do universo Marvel, Age of Ultron vai ser uma experiência desagradável, mas para os leitores que recentemente foram soterrados de péssimas tramas para os Vingadores, ou simplesmente são mais críticos e conseguem ter uma analise mais coerente do que Bendis está planejando, Age os Ultron é algo refrescante e intrigante… Obviamente precisa melhorar nas próximas edições, mas o desenvolvimento dos personagens e o modo que Bendis consegue manter sua trama contida e organizada é algo que há muito tempo não via.