Review: Astonishing X-Men, Edição #1 à #24
Review: Astonishing X-Men, Edição #1 à #24
Sempre fui fã dos X-Men, acho que qualquer criança que nasceu nos anos 80/90 e via os desenhos da equipe na TV ou mesmo lia uma outra revista ficava encantado, eu pelo menos ficava, afinal, quem criança não queria poder voar, atirar raios laser pelos olhos, entrar na mente das pessoas e – principalmente – poder ter garras de metal, afinal, naquela época não se ligava para Adamantiun ou qualquer coisa do tipo, era metal e ele podia se “curar”, quando se é criança as coisas são menos complicadas… E assim, sendo fã dos X-Men, ao crescer fui procurando mais sobre as equipes, vendo filmes, desenhos e até chegou o momento em que comecei a acompanhar os quadrinhos desta equipe… E foi ai que me bateu a decepção… Alguns anos atrás todos os quadrinhos da Marvel eram muito ligados, uma história que se passava em um acontecia em vários outros ao mesmo tempo, raramente era uma trama individual para cada titulo e lendo apenas o Uncanny X-Men era fácil ficar perdido nesse samba de crioulo doido, assim foi fácil desistir dos quadrinhos por um bom tempo.
Claro que ainda li uma ou outra saga, como Dinastia M, Guerra Civil e Dizimação, mas ainda não estava convencido com os títulos mensais e quinzenais da Marvel. Até que ouvi falar de Astonishing X-Men, assim que li sobre a revista vi que meus pedidos haviam sido atendidos. A publicação mensal tenta ao máximo manter-se afastada dos eventos e sem os mega crossovers entre revistas, tudo graças a Joss Whedon, criador dos hits Buffy, Firefly e Dollhouse, que não gostava tanto dessas misturebas e preferiu a publicação mensal, totalmente desligada do resto do universo Marvel. Com Whedon a coisa já estava boa, mas quando se fica sabendo que os desenhos são de John Cassaday, ai é difícil não se interessar ainda mais, os desenhos limpos e belos do desenhista fazem toda a diferença.
E então lá fui eu, ler o primeiro volume, Gifted (Talentoso) mostra a equipe se formando, tudo começa quando Kitty Pryde volta ao Colégio Xavier para se tornar uma professora e orientadora ali. Kitty sempre foi uma personagem pelo qual tive um carinho muito grande e é impossível não se emocionar quando ela se relembra de alguns momentos enquanto está estrando na mansão. Isso sem duvidas é algo que sempre gostei e continuo gostando nos quadrinhos da Marvel, emoção. Claro que a pancadaria rola solta, mas também tem esses pequenos momentos, onde os personagens conseguem passar emoção em simples desenhos de forma muito mais real do que alguns “ótimo” atores por ai… No roster dos Heróis, inicialmente, temos Fera, Emma Frost, Wolverine, Ciclope, Kitty Pryde e seu dragão Lockheed, e mesmo que inicialmente tenhamos alguns conflitos pessoais entre Cykes e Wolverine, eles são X-Men, então sempre temos algum vilão megaevil por ai destruindo algo, porém aqui temos um alien que do nada sai sequestrando todo mundo e lá se vão os X-Men detê-lo! Mas o interessante é que temos por trás toda uma história muito mais complexa e envolvente, junto do ataque do alien Ord, simultaneamente temos o anuncio de que uma “cura” mutante foi descoberta, sim… É a mesma trama de “X-Men: The Last Stand”, pena que o filme não pegou todo o potencial dos quadrinhos e foi uma merda…
Conforme o tempo descobrimos que a Dra. Kavita, criadora da Cura mutante, na verdade era “patrocinada” pelo alien Ord que queria a destruição de todos os mutantes, já que um mutante, ainda não se sabe qual, iria destruir seu planeta natal, o Breakworld (Mundo Quebrado, ou algo nesse caminho), obviamente com a cura mutante descoberta a situação começa a ficar pesada na situação, seja alunos perguntando se Kitty é uma “maldita retardada”, ou Fera pensando em tomar a cura, e ai começa toda a trama de “vamos atrás dessa Dra., que ela pensa que é?”, isso junto ao fato de que para se criar a formula foi utilizado DNA mutante, e já começam a se perguntar que possivelmente poderia ser o de Jean, claro que com isso todo mundo sai correndo loucamente para parar Kavita e tudo o mais… Mas quando chegam lá era apenas uma avulsa qualquer com asas e uma pele estranha. E enquanto o resto do time lutava contra 500 caras armados, Kitty Pryde descobria que seu amado Colossus estava vivo. Foi mais uma dessas paginas, sem nenhuma fala (na verdade na anterior e na seguinte mal se tiveram falas), mas novamente era possível ver toda a emoção apenas na reação de Kitty, em suas expressões faciais e é exatamente por isso que amo Cassaday, ele sabe o que faz. Uma coisa que sempre ouvi falar depois sobre a direção do Whedon em Astonishing X-Men é que os quadrinhos se tornaram a “história de Kitty e Colossus”, e acho que é bem verdade, ambos os personagens nunca tiveram um destaque grande há algum tempo nos quadrinhos, mesmo sendo favoritos dos fãs. Inclusive a conversa entre Kitty e Colossus após o reencontro é uma das minhas favoritas, Kitty se mostra uma mulher forte, mas vulnerável e passional, dizendo que se ele fosse um metamorfo, ou alguém mexendo com a mente dela, ela iria encontrar a pessoa que fez isso e mata-la.
E enquanto a pancadaria rolava solta na Benetech, na mansão os estudantes eram aterrorizados pelo Ord, e ai temos a entrada de mais uma personagem que amo, Armor (Armadura), ela possui o poder de criar uma armadura em torno de si e durante Astonishing é meio que uma nova recruta de Wolverine, ele passa a treina-la e eles se tornam amigos. Os arcos seguintes são “Dangerous” (Perigosa) e “Torn” (Despedaçado), neles temos a entrada oficial de Colossus e Armor para o time, e logo após a entrada da robô Danger. No segundo arco de Whedon temos a descoberta de que a famosa “Sala do Perigo”, na qual os X-Men sempre treinaram era na verdade uma peça de tecnologia Shi’ar consciente, um ser que estava preso ali todo tempo, primeiro ela começa a manipular um dos alunos que perdeu os poderes em um ataque do Ord à mansão a se matar, depois revive um dos Sentinelas de Cassandra Nova e o manda para a Mansão, e no fim consegue se libertar e vem na forma de uma humanoide mulher, inimiga dos X-Men, Danger. Já no terceiro arco temos o ataque de Cassandra Nova aos X-Men, junto da volta de Danger e Ord, tudo junto e misturado, um dos melhores arcos, já que vemos todos os X-Men enfrentando seus maiores medos. Logan se torna uma criança indefesa, Fera vira realmente uma fera, sem sentimentos ou pensamentos, apenas instinto, Kitty fica presa em uma vida perfeita, que aos poucos vai se despedaçando e assim por diante.
O quarto arco, e o ultimo de Whedon e Cassaday é o Unstoppable (Imparável, Incontrolável), simplesmente um dos mais emocionantes e belos arcos que já li. A trama é fechada de uma maneira intrigante e incrível, todos os personagens tem seu momento de destaque, mas quem realmente comanda tudo é Colossus e Kitty. Quando se é revelado que Colossus é o mutante que deve destruir o Breakworld, Toda a equipe, junto de Danger e Abigail Brand são levados para o planeta de Ord, é incrível como Whedon conseguiu criar uma trama tão boa e ter uma resolução como esta. Foi tudo o que deveria ser: emocional, bem feita e principalmente, algo que mesmo tendo retirado de circulação um dos personagens mais queridos do universo Marvel por um bom tempo, não foi algo dispensável ou sem sentido… Foi algo forte e dramático. Ver que na verdade, tudo era uma grande manipulação de um culto religioso alienígena maligno foi totalmente inesperado e serviu bem ao que estavam se propondo.
E mesmo com os gigantescos atrasos nas publicações (houve atrasos de quatro meses!), Astonishing X-Men foi um sucesso, as criticas foram em sua maioria positivas e tanto Whedon quanto Cassaday foram indicados e ganhadores de alguns prêmios pelo trabalho nos quadrinhos. Infelizmente após a saída deles, quem assumiu a produção foi Warren Ellis e Simoni Biachi, que foram responsáveis pelas piores histórias e arcos da história da publicação de Astonishing X-Men, desde 1995, Ghost Boxes e Xenogenesis foram terríveis, e Exogenetic não é possível dizer que foi qualquer coisa a mais do que “Aceitável”. Depois disso teve alguns arcos com uma rotação de roteiristas e desenhistas, histórias boas, mas nada excepcional, apenas em março de 2012, com roteiro de Marjorie Liu (NYX, X-23 e Dark Wolverine) e desenhos de Mike Perkins que Astonishing voltou ter a magia de antes e atualmente se encontra no topo dos meus quadrinhos favoritos em execução, e pelo visto Liu e Perkins não pretendem sair tão cedo de Astonishing, deixando este fã muito mais feliz!